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Antes do projeto - primeiras experiências

Ao término de ano letivo, os projetos de iniciação a docência da UnB, os PIBID`s, são convidados para um seminário conjunto no qual cada um dos grupos apresenta seus trabalhos e resultados.


No ano final do ano de 2016, o PIBID Filosofia da UnB, sob coordenação de Pedro Gontijo e Priscila Rufinoni, sugeriu apresentar como trabalho final uma oficina. Para pensar o que seria uma oficina na área de Filosofia, buscou-se referência teórica em Silvio Gallo, naquilo que o autor chama de oficinas conceituais. Na perspectiva de Gallo, uma aula de filosofia deve ser uma oficina de conceitos:


Se a filosofia justifica-se por oportunizar aos estudantes a experiência do conceito, a possibilidade de exercício do pensamento conceitual, então ela não pode ser apenas mais um desfile daquilo que os filósofos pensaram pelos séculos afora.


Caminhando nesta direção, penso que podemos fazer das aula de filosofia laboratórios de experiências de pensamento, que gosto de chamar de oficinas de conceito. Um ensino ativo da filosofia, que coloque os jovens estudantes em contato com a própria atividade filosófica: a criação conceitual, mais do que com sua história, ou com os temas dominantes nessa história, ou com os temas hoje importantes. Claro que tudo isso está subentendido e articulado, mas proponho focarmos o ensino no conceito e em sua produção, no ponto de partida do pensamento, isto é, nos problemas que os motivam. (GALLO, Explorando o ensino, vol 14, p. 163).



Obviamente, não posso dizer que estávamos seguindo Gallo, pois ele parte de uma mediação deleuzeana, um autor que não é exatamente aquele de minhas eleições metodológicas, assim é uma espécie de método adaptativo, e em movimento, o que eu vou expor. E evidentemente qualquer método carrega uma noção do que seja filosofia, trata-se de uma visada, em nada neutra. Não se trata de um método no sentido de uma neutralidade axiológica, talvez mais um método sem método como escreve Adorno, um método que é imanente aos objetos que toca e expõe. Trata-se, por exemplo, de uma concepção de filosofia e de ciência, e de arte etc, que pensa os conceitos necessariamente como históricos, que não tem concepções essencialistas hipostasiadas, então evidentemente um conceito só pode ser apresentado em sua espessura tensa se trouxermos mediações histórico críticas que ajudaram a constituir um campo de pensamento, cujo conceito é apenas a cristalização momentânea. O conceito portanto é sempre uma abertura, é sempre dinâmico, em relação tensa com elementos pré conceituais e sociais de que devêm.


A primeira atividade que desenvolvemos, ainda antes deste projeto, foi a oficina O que é ideologia?, que nasceu de dentro de um problema do próprio PIBID. Qual era o problema: o debate sobre a escola sem partido. Pensamos então que a espessura do conceito ideologia merecia atenção. O modelo sugerido no momento foi trazer materiais para o debate, desde textos filosóficos marxistas, da teoria da ciência etc, até elementos cotidianos como cartuns e reportagens. Todos reunidos em pastas para serem debatidos pelos participantes, sem direcionamento prévio. Houve muito debate preparatório no próprio grupo de PIBID, quando coletamos esse material. Os textos foram adaptados a uma leitura rápida (selecionados e recortados, no modelo das coletâneas das provas de redação da Unicamp). Dividimos o tema em subtemas, nos quais a ideologia se explicita: ciência, política, violência, racismo, gênero. Esses subtemas, entretanto, não estavam explícitos e não dividimos o material ou demos indicações sobre eles. Nesse momento, ainda bem próximos do modelo de Silvio Gallo, propusemos uma primeira etapa de sensibilização para o problema, que se constituiu em um vídeo da estudante Michelly Alves no qual vários daqueles eixos temáticos se entrecruzavam sem ordem ou narratividade discursiva clara. Era só uma enxurrada de imagens, quase catártica, uma montagem de cenas. Nessa primeira oficina, que foi conduzida pelas alunas Najila Mota, Rebeca, Paula Calazãens e Núbia Gomes, não houve uma cenografia ou dramaturgia mais elaborada, e isso tensionou um pouco a atividade. O público alvo foram os participantes de outros PIBID`s da UnB, eram, portanto, todos universitários envolvidos com a formação docente.


Começamos a pensar, nesse primeiro modelo, não só em termo de mediações conceituais, mas também em suas implicações cênicas ou dramatúrgicas, envolvendo uma análise da participação e da postura de estudantes e professores.


Da atividade, guardamos os posts de avaliação:


Relatos: "Foi bem loko!! Muito interessante a ampla diversidade de temas que uma simples palavra pode abordar."

"Bons textos e imagens, e adorei o vídeo. Todos instigam a crítica. Sugiro diminuir a quantidade por grupo, as duas pastas foi muita coisa para 4 pessoas e não deu para todos lerem tudo, perdeu tempo de discussão."

"A sensibilização e a tranquilidade da abordagem fizeram toda a diferença. Parabéns. Luciana."


"Crítica construtiva: - achei que ficou muito texto para ler. - gostei de saber sobre a escola sem partido e as propostas. Não sabia direito o que era, vou pesquisar mais!"

"Muito bom! Achei os temas atuais e pertinentes, assuntos para a vida!"


"A oficina foi interessante, pois me proporcionou reflexões que nunca pensei por muito tempo. E a construção do conceito de ideologia, por meio da roda de conversas foi muito estimulante por nos permitir ouvir opiniões diversas."

"Vocês são muito fofas!"


"A oficina trouxe uma visão de como é importante trabalhar. Pude ampliar os meus conhecimentos e a importância da conceituação de termos polêmicos e presentes na sociedade. Jaqueline Suzamar. Beijos."


Priscila Rufinoni


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