top of page

Religião e território, oficina no evento Deus e religião - um diálogo entre diferentes abordagens, a


Em abril de 2019, durante o curso de Metodologia de ensino de filosofia, fomos convidados a participar de um evento pelo grupo de pesquisa da pós-graduação, Filosofia da religião. Haveria um evento ligado ao projeto do grupo financiado pela FAP DF, para o qual podíamos trazer uma escola. Contatamos então a escola CEM 01 do Paranoá, na qual já havíamos atuado anteriormente.


Como o evento tinha por tema Deus e religião – um diálogo entre abordagens, pensamos durante as aulas em propor uma adaptação das oficinas em torno dos mapas da cidade. Depois de discussões, chegamos à ideia do tema Religião e território. Discutimos também o modelo da atividade, pois esta teria de se desenvolver em uma única manhã.



Deste modo, propusemos uma série de imagens em power point como elemento circunstanciador do tema. Nas imagens, se sucediam fotos de lugares religiosos do Plano Piloto de Brasília e da localidade do Paranoá, procuramos colocar imagens de várias crenças. Intercaladas, imagens que sugeriam intolerância e/ou disputa por território, além de textos de jornais que citavam casos recentes, como o incêndio de 2016 no terreiro de candomblé Ylê Axé Oyá Bagan no Paranoá, a derrubada, pelo governo do DF, de uma Igreja da Assembleia de Deus por supostamente ocupar terreno irregular, tal como ocorreu à Igreja Ortodoxa do Sol Nascente, derrubada pelo mesmo motivo em 2015. Citamos, por fim, o caso conhecido do Distrito Federal em torno da disputa de um território considerado sagrado por várias etnias indígenas, recentemente desapropriado para a construção do bairro de alto padrão, ao final da Asa Norte do Plano Piloto, o Noroeste. Ainda nas imagens e recortes de jornal, colocamos, como lembrança da religião judaica, uma citação de jornal da morte da última sobrevivente do holocausto moradora do DF. A ideia era apenas trazer para discussão uma das maiores intolerâncias religiosas da história recente, em concomitância com a causa indígena, mas sem especificar e sem dar nossa versão ou opinião sobre o que estava em questão. A ausência da sinagoga seria, assim, proposital, como um minuto de silêncio. Mas a falta da imagem, entretanto, foi lembrada por uma estudante durante o evento. Depois de assistir a essa coletânea de imagens e recortes de jornal, os estudantes de ensino médio seriam divididos em quatro grupos, os mapas, por questão de tempo e espaço, seriam impressos e não projetados em slides.











O evento iniciou-se às 9h30 no Memorial Darcy Ribeiro, fizemos a apresentação dos slides e em seguida a divisão da turma em quatro grupos: grupo azul, amarelo, vermelho e verde. Cada grupo foi acompanhado por três ou quarto mediadores da disciplina Metodologia de ensino de filosofia e do grupo A quem pertence a cidade?


Após a confecção dos mapas, utilizando colagem, pintura e desenho, houve um debate entre os quarto grupos, os estudantes apresentaram suas cidades e as relações destas com a religião. Surgiram questões como a divisão espacial dos cultos e a proximidade (ou não) de espaços para determinadas crenças, um grupo sugeriu aproximar propositalmente os cultos de maior atrito – os evangélicos e o candomblé –, para forçá-los à convivência pacífica; houve questionamento da localização privilegiada de alguns lugares de culto, sobre o território indígena no DF, e mesmo a sugestão de se criar uma espécie de congregação ecumênica para julgar casos de intolerância.


Enquanto os estudantes apresentavam suas cidades, o professor Marcos Aurélio Fernandes anotava as questões que surgiam. Por fim, o professor apresentou um texto, que disponibilizamos neste site, produzido a partir dos elementos constitutivos das utopias recriadas pelos alunos. Essa relação de diálogo, em que o tema do texto do professor foi o questionamento dos estudantes, proporcionou um debate interessante, no qual notamos elementos próprios à desnaturalização utópica do lugar-comum. Podemos citar perguntas que chegaram a pôr em questão a necessidade da religião, ou que buscaram entender como as hierarquias internas das igrejas tradicionais se formaram historicamente.







No final da atividade, os estudantes da escola CEM 01 do Paranoá foram levados para almoçar no Restaurante Universitário, em seguida, fizeram uma visita guiada pelos monitores da disciplina pela UnB, conheceram o Museu de Geologia e o Centro Acadêmico de Filosofia, antes de voltarem para a escola.

bottom of page