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Experiências com vídeos, janeiro de 2020

Depois da experiência com o vídeo da oficina de Planaltina, cuja função era documentar o projeto e sua execução, o grupo passou a se interessar por outros usos para as imagens, além de seu âmbito documental. Nesse sentido, convidamos para uma conversa a Prof. Raquel Imanishi, docente de Estética do Departamento de Filosofia, acerca das possibilidades do documentário e do filme. A professora tratou de aspectos formais e históricos do gênero, apresentou e comentou documentários (ou filmes) clássicos como os dos irmãos Lumière e Dziga Vertov. O foco da conversa foi o uso da técnica e da imagem para construir narrativas do olhar. Conversamos também sobre o que é um documentário, quais as formas e técnicas que podem ser utilizadas e como cada uma produz uma narrativa visual.


A partir dessa conversa, e tendo também por base o projeto do edital da UnB sobre uso de tecnologias na educação (Edital Educação para o Terceiro milênio), começamos a elaborar, com vistas à incentivar a dinâmica das oficinas, pequenos vídeos. O modelo não é mais o do documentário, mas o da colagem de imagens, unidas por um vetor visual não evidentemente narrativo ou conteudista. O texto e as imagens (nesse primeiro momento, de segunda mão), formam uma peça visual cujos elementos sondam abordagens. O texto, geralmente escrito em conjunto, não está preocupado em explicar conceitos (estes serão trabalhados após a oficina), mas em acionar mecanismos de livre associação. Os videos se aproximam, assim, mais de peças artísticas quanto a suas formas técnicas – embora sua função e pretensão não seja produzir arte –, do que de videos explicativos ou didáticos. Ou seja, nos apropriamos, para funções experimentais em sala de aula, de expedientes da vídeo-arte, do vídeo clip, da poesia visual.


O primeiro vídeo, criado por Ana Paula Lopes especialmente para a oficina de Ceilândia, justapôs elementos históricos da construção da cidade – o núcleo foi formado a partir do desalojamento das população que ocupavam o Plano Piloto, levadas para um terreno distante pela Central de Erradicação de Invasões, dai CEI-lândia – a elementos contemporâneos, entre eles a citacão final de uma música de Hip Hop do cantor Hungria, sugerida durante reuniões do coletivo. A colagem não procurava narrar a história da cidade, mas criar atrito entre a narrativa oficial histórica, recortada de trechos de uma antiga peça publicitária, e as novas narrativas, confrontando o lugar a suas memórias e vivências. O video tinha por função abrir a oficina na escola de Ceilândia, mas problemas técnicos impediram sua exibição fluente e não tivemos como aquilatar muito claramente a sua recepção pelos estudantes.






Uma segunda experiência foi feita recentemente, sem uma função específica, apenas como experimentação de linguagem. O video também é de autoria de Ana Paula Lopes, com roteiro e narração de Priscila Rufinoni. A um texto que justapõe várias definições, alinhavadas em abismo, uma dentro da outra, o video soma imagens e sons de cidade e de construção. Este vídeo está na nossa página de abertura.



Com essa nova fase de experimentações, concebemos, em 2020, uma oficina a partir de videos.

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